terça-feira, 2 de dezembro de 2008

FOGUEIRA

Mudanças sempre obrigam a gente a revirar as coisas. Mudar de casa, de quarto, principalmente.
Revirar papéis, bilhetes, documentos sem validade, exames médicos, a sua primeira ultrasson transvaginal! Putz, vem passando aquele velho filme de suas recordações. As medalhas dos jogos, as premiações do Colégio, as boinas, as agendas e cadernos velhos. Tanta coisa boa pra lembrar.
E o melhor de tudo, "as cartas que escrevi e não mandei". To-do-mun-do deve ter carta suficiente pra fazer um livro. E vem os rancores, os amores... toda aquela mistura de sentimento adolescente, e adulto tb, por quê não? Adulto tb mistura, tem dúvida, escreve coisas que depois, quando vai lê, agradece aos céus, ao cosmo por nunca ter enviado.
Quanto as cartas lacradas no envelope? São verdadeiras bombas do oriente médio. A gente mal acredita que escrevemos aquilo tudo.
Deparar-me com isso só me fez bem. Poder relembrar em detalhes tudo que passei, o tanto que amei, sofri, me decepcionei, achei que ia morrer, mas depois vivi, me levantei, reconstruí, me curei. Hoje me vejo inteira novamente. E nem novamente, pois hoje sou alguém mais forte, mais confiante, mais paciente, mais madura! Essa é a palavra: MADURA!
E pegar tudo isso, todas essas recordações, cartas, bilhetes, exames, algumas fotos... juntar tudo em numa caixa e fazer uma grande fogueira, sem mágoas nem lamentações. Como é bom sentir o calor do fogo de seu passado, há tanto guardado. Mas que não se tinha coragem de remexer. Então queima, arde...e dá espaço pra mais recordações, mais cartas, mais bilhetes, mais exames e mais ultrassonografias transvaginais, porque a gente tem que se cuidar!!! E largar aqueles sentimentos imaturos, cheio de mágoas e confusões.
O sentimento de hoje não compete com o de ontem. É o mesmo, só que aperfeiçoado, com mto mais energia, luz e calor, como a fogueira de papéis e lembranças.

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