segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sertão

Voltando hoje, depois de alguns anos. Texto antigo, ainda em construção. Mas que vale muito a pena compartilhar. Sertão Só quem esteve no sertão sabe a grandeza daquele lugar. Se embrenhar nas caatingas, ver o pôr-do-sol no horizonte sem fim. A terra é seca, o calor escaldante, mas há aconchego no rosto cansado do sertanejo, que logo oferece uma xícara de café pra quem se aprochegar. Povo mais paciente não existe. Na beira da estrada, nem sequer uma sombra pra aliviar, espera horas e horas uma lotação passar. Isso depois de uma longa caminhada, coisa de duas ou três léguas, que o povo da cidade não sabe contar. O lugar é esquecido, não chega nem água, quanto mais gente interessada em ajudar. Enquanto nas mídias vê-se farras com dinheiro público, ladrão fino de colarinho branco que não pode dividir o cárcere com seus iguais, o povo vive à mingua, e nem sei mesmo se aquilo é vida. Só poeira e mormaço na estrada espinhosa e pedregosa. O mato seco que espera a chuva com tanta paciência quanto o sertanejo. E quando cai uma gota se farta, floresce como se fosse chuva de janeiro. É a vida que fica alí escondida, camuflada no castanho da paisagem.