quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Aos cinco anos de idade quis ser freira, inspirada por minha tia Ninha e pela influencia que a minha família católica impunha em minha vida. Aos sete, quis ser pianista, depois, cientista. Aos oito, veterinária, e começou minha paixão por felinos. Depois questionava meus pais sobre o que eles queriam que eu fosse, e eles diziam: bancária, e mesmo sem saber, assim quis ser... Mas não demorou muito. Aos treze ou quatorze, conheci a biologia e quis ser bióloga. Me embrenhar no mato e catalogar tudo quanto era bicho ou planta. Queria ser bióloga. E assim sonhei até meus dezessete. Ah, também quis servir à Pátria e tentei concurso para o exercito. Escrevi para o comandante da EsPCEx aos dezesseis, questionando o porquê de recusa do sexo feminino. Tive uma resposta, pasmem. E tentei ainda por alguns anos. Exercito e Aeronáutica. Chegou a hora do vestibular. Passou pela cabeça farmácia, ciências biológicas, fisioterapia, até decidir por odontologia, por influência de outra tia minha, tia Gal. E foi bomba! Prestei Direito na Unicap, porque meu pai insistiu. E passei. Comecei e terminei meio que sem querer. Ainda com muita biologia na cabeça e uma paixão revivida pelo handebol no coração. Veio a OAB e sabe Deus como passei de primeira. Eu não queria nada com a vida. Advoguei um pouco, aprendi muito, conheci muita gente boa... E muita gente ruim também. Fiz concurso para polícia, passei quatro ano esperando. Quando resolvi deixar a pátria e cruzar o oceano, com mês, o Estado de Pernambuco resolveu chamar meus préstimos. Eu voltei, com um aperto no coração. Mas hoje sei que estou no meu lugar, no melhor que eu sei fazer. E depois de tanta peregrinação, depois de tantas dúvidas, sei que é aqui que faço meu melhor e sou apaixonada por isso. Apesar dos riscos, das dificuldades, do dinheiro pouco, das mazelas desse cargo público. É aqui que ero estar. É na segurança pública que quero crescer. É aqui que me realizo. Pois, na verdade, esse sempre foi meu chamado, minha vocação. Onde posso servir, onde posso fazer algo de bom pela humanidade. O que eu sempre quis, o que sempre me foi determinado no meu íntimo, o que Deus me reservou. Sou feliz, é o que tenho a dizer. Do meu sonho de criança, sinto-me realizada!E não posso esquecer que tenho conhecido pessoas maravilhosas nessa jornada.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Sertão

Voltando hoje, depois de alguns anos. Texto antigo, ainda em construção. Mas que vale muito a pena compartilhar. Sertão Só quem esteve no sertão sabe a grandeza daquele lugar. Se embrenhar nas caatingas, ver o pôr-do-sol no horizonte sem fim. A terra é seca, o calor escaldante, mas há aconchego no rosto cansado do sertanejo, que logo oferece uma xícara de café pra quem se aprochegar. Povo mais paciente não existe. Na beira da estrada, nem sequer uma sombra pra aliviar, espera horas e horas uma lotação passar. Isso depois de uma longa caminhada, coisa de duas ou três léguas, que o povo da cidade não sabe contar. O lugar é esquecido, não chega nem água, quanto mais gente interessada em ajudar. Enquanto nas mídias vê-se farras com dinheiro público, ladrão fino de colarinho branco que não pode dividir o cárcere com seus iguais, o povo vive à mingua, e nem sei mesmo se aquilo é vida. Só poeira e mormaço na estrada espinhosa e pedregosa. O mato seco que espera a chuva com tanta paciência quanto o sertanejo. E quando cai uma gota se farta, floresce como se fosse chuva de janeiro. É a vida que fica alí escondida, camuflada no castanho da paisagem.