quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Espelho


Não, eu não preciso de espelhos para saber quem eu sou. Sei exatamente cada traço do meu rosto, cada marca.

Conheço meu cabelo, a posição natural de cada fio. Conheço meus sinais, minhas (primeiras) marcas de expressão. Sei do bico que faço qndo tento segurar o riso, conheço minha testa franzida qndo algo me preocupa, meu sorriso infantil e minha cara engraçada de sedução.

Eu não preciso de espelho para descrever meu detalhes.

Mas qndo me olho e não me reconheço, isso é desesperador! Começo a enchergar além do reflexo. Vejo qnta vaidade há no meu ser e isso me impressiona. O rosto marcado, deformado, aflora uma solidão que eu jamais me dei conta que existia. Qndo abandono a mim mesma!

Longe do espelho, consigo absorver mto mais o preconceito das pessoas, o sentimento mesquinho de pena do qual elas se enchem ao se depararem com uma imagem diferente do que elas acham que são. Mas não as culpo. Talvez seja o jeito que elas encontram de não excluir o diferente, como se a pena já não fosse uma exclusão silenciosa.

Eu me olho no espelho e não me vejo. O vidro reflete outros traços, outras manchas. Mas sou eu quem fala comigo, sou eu quem sente, quem chora, quem se desespera. E sou eu, dentro dessa confusão do ser e do reflexo, que tenta sobreviver no mundo onde as pessoas se preocupam mais com o que o espelho lhes mostra do que com o que o coração lhes fala.

2 comentários:

Maria José disse...

Texto reflexivo Patrícia. Parabéns.

Bjs da amiga Mazé.

Amélie . disse...

Não sou Patricia, mas agradeço o elogio! =)