quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Confiança


Mais triste do que perder a pureza, é a tristeza de perder a capacidade de confiar nas pessoas. Não falo daquela confiança para contar um segredo, um desabafo. Estou relatando sobre desacreditar em limites tênues.
Não sei se a culpa é da vida. Nem sei se é culpa ou consequência natural. E se tiver alguma culpa, talvez seja de Papai Noel, uma das nossas primeiras crenças frustradas.
Depois vem o melhor amigo da escola, que revela seu mais profundo (e tolo) segredo. Os pais, que perdem seus superpoderes, ou talvez ganhem, o superpoder de destruir famílias.
Nós mesmos, qndo desistimos dos nossos sonhos e passamos a não confiar no que somos, no que queremos, no que construímos, no futuro...
Essa sequência louca de coisas que vai nos sugando como um furacão. Já não basta perder a crença, perdemos o brilho, qndo nos deparamos com nós mesmo, em imagem nua e crua, diante do espelho da nossa própria consciência, nosso próprio julgamento.
Não se confia cegamente, não se põe a mão no fogo. Sempre há aquela possibilidade que faz a dúvida pulsar. É qndo temos a única certeza de que isso tudo tb vale para nós.

Isso tudo merece um cigarro, e, em cada trago, tentar absorver aquilo tudo que foi perdido.

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